O metal Nióbio é alvo de cobiça mundial. Para nossa sorte, o nióbio no Brasil existe em abundância (98% das reservas de nióbio estão no Brasil). Em contrapartida, o Governo Federal não possui uma política específica para a comercialização do nióbio no Brasil.
Para que serve o Nióbio?
O nióbio (nome advindo da deusa grega Niobe, filha de Tântalo) é utilizado para dar liga na fabricação de aços especiais e é um dos metais mais resistentes tanto à corrosão quanto a temperaturas externas, que existe. Também é um metal supercondutor e seu ponto de fusão (derretimento) é aos 2.468 °C, enquanto que seu ponto de evaporação é aos 4744 °C. Se adicionado (em gramas) proporcionalmente à tonelada de aço, pode dar maior tenacidade e leveza ao material. Hoje em dia, esse elemento mineral é utilizado na fabricação de turbinas de avião, automóveis, gasodutos, tomógrafos utilizados para ressonância magnética, além de lentes óticas, lâmpadas de alta intensidade, bens eletrônicos, e até em piercings, nas indústrias aeroespacial, bélica e nuclear.
Reservas de Nióbio no Brasil
O Brasil corresponde a mais de 90% da comercialização mundial de nióbio, seguido por Canadá e Austrália. As reservas brasileiras possuem 842.460.000 toneladas distribuídas nas jazidas locais. As maiores estão localizadas em Minas Gerais (75%), Amazonas (21%) e em Goiás (3%).
Um relatório feito pelo Plano Nacional de Mineração 2030 dá conta de que, atualmente, o país explora 55 substâncias minerais, o que corresponde a 4% de toda a produção mundial e é líder global na produção do nióbio. Devido a esse fato, existem várias teorias sobre a negociação desse metal com outros países. Há quem diga que o preço cobrado pela exportação do nióbio no Brasil, é ínfimo, que as reservas nacionais estão sendo “dilapidadas” e que, por não regulamentar a venda e controlar o preço de venda, o país estaria perdendo bilhões.
‘Questão do Nióbio no Brasil’
Um dos primeiros – e mais conhecidos – representantes da “questão do nióbio” foi o deputado federal e ex-candidato à presidência da República Enéas Carneiro, falecido em 2007. Enéas afirmava que só a riqueza do mineral em si seria capaz de ampliar – e muito – a fortuna patrimonial do Brasil. Esse metal é tão valorizado que chegou a ser envolvido em um escândalo: O Mensalão, em 2005. À época, o empresário Marcos Valério afirmou, durante a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Correios, que o Banco Rural entrou em contato com José Dirceu (atualmente preso) acerca da exploração de uma mina de nióbio localizada da Amazônia.
Já em 2010, o site WikiLeaks – conhecido por divulgar documentos, vídeos e fotos sigilosas de órgãos mundiais importantes – vazou um documento do Departamento de Estado dos Estados Unidos, que colocava as minas de nióbio no Brasil na lista de locais cujos recursos e infraestrutura são essenciais e estratégicos para os EUA.
Posteriormente, outro fato que mexeu com o tema nióbio no Brasil: A venda de uma parte da CBMM (Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração), considerada a maior produtora de nióbio do mundo, para companhias asiáticas. Já em 2011, algumas empresas de origem chinesa, japonesa e sul-coreana fecharam a compra de 30% do portfólio financeiro da CBMM por US$ 4 bilhões. A CBMM foi fundada em 1965, quando o banqueiro Walter Moreira Salles se associou à companhia de mineração Molycorp. Posteriormente, Salles comprou o restante das ações da empresa, localizada em Araxá (MG).
Saiba mais sobre o nióbio
Agora que você já está mais por dentro do nióbio no Brasil, é hora de apresentarmos algumas informações curiosas sobre esse metal. Para começar, o nióbio não é tão raro e precioso quanto o ouro. Estatísticas oficiais dão conta de que a liga ferro-nióbio foi negociada por US$ 26.500/ton em média, no ano de 2012. Enquanto isso, a cotação média da onça de ouro, média de 31,10 gramas, foi de US$ 1.718.
Apesar de ser muito cobiçado, o Nióbio não é uma fonte de energia primária ou de alto nível de consumo, como o petróleo. Mesmo assim, parece que o nióbio não possui quaisquer concorrentes. Mas, o fato é que ele tem. São eles: vanádio, tântalo e titânio.
A negociação do nióbio brasileiro com outros centros subiu de US$ 13 o quilo no ano de 2001 para US$ 32 em 2008. Já em 2012, a média foi de US$ 26,5 o quilo. Como os preços não são negociados em bolsas de valores e como as produtoras possuem subsidiárias em outros países, surgiram suspeitas (ainda não comprovadas) de subfaturamento. Já a suspeita de as jazidas nacionais estarem sendo “dilapidadas” não se mostra real. Afinal de contas, somente a CBMM explora jazidas que têm durabilidade estimadas em mais de 200 anos. O governo também informou que não possui planos para iniciar a produção de nióbio em outras áreas que possuam reservas lavráveis conhecidas, como Amazonas e Rondônia.
Os maiores produtores de nióbio no Brasil
Os 98% de nióbio do mundo todo, pertencem ao Brasil, a maioria desta porcentagem está concentrada nas mãos de apenas duas empresas: A CBMM, que segue sendo controlada pelo grupo Moreira Salles (agora pelos herdeiros de João Moreira) – os mesmos fundadores do banco Unibanco – e a Mineração Catalão de Goiás, empresa controlada pela britânica Anglo American. Dos 100% de nióbio no mundo todo, 80% pertencem à CBMM, seguida pela canadense Lamgold (10%) e a Anglo American (8%), que só possui produção de nióbio no Brasil.
A CBMM diz estar presente em todos os países que são produtores de aço, em especial China, Japão, EUA, Coreia, Índia, Alemanha, Rússia e Inglaterra. Na passagem de 2001 para 2012, a empresa afirma ter aumentado em 18% seu lucro líquido (R$ 1,454 bilhão em 2012). Já em 2013, chegou a R$ 3, 898 bi. 95% desse faturamento provieram do mercado internacional, que mesmo assim, não gosta de ter que depender de um único fornecedor de determinada matéria-prima (no caso, esse único fornecedor é o Brasil). Estimativas dão conta de que a produção de nióbio no Brasil deve subir. A taxa média de crescimento da produção anual tem sido de 10%. Em 2012, a produção chegou a 61 mil toneladas. Já em 2015, a quantidade de produção de nióbio no Brasil deve chegar a 100 mil toneladas.
Imagem: Stone [Public domain], via Wikimedia Commons
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