Prováveis causas do rompimento da barragem de rejeitos em Mariana/MG

O rompimento da barragem em Mariana da mineradora Samarco, no dia 05 de Novembro de 2015, causou o maior desastre ambiental na história de Minas Gerais.

Atendendo ao pedido de dezenas de emails que recebemos na nossa caixa de entrada, escrevo este artigo para abrir uma discussão, como profissionais da mineração, sobre o fato ocorrido na barragem de rejeitos em Mariana e as possíveis causas do rompimento da barragem de rejeitos da Samarco.

Antes e Depois - Tragédia em Mariana
Antes e Depois – Tragédia em Mariana. DigitalGlobe/GlobalGeo

As causas do rompimento da barragem da mineradora ainda estão sendo investigadas. A própria Samarco disse que não há confirmação e as investigações e estudos apontarão o que realmente aconteceu. Mas algumas prováveis causas do rompimento foram levantadas por especialistas.

Tremores de terras pode ter causado o rompimento da barragem?

O Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP) registrou quatro tremores de terra antes do rompimento da barragem em Mariana. As magnitudes foram entre 2.0 e 2.6 na escala Richter. Estes tremores somente causariam o rompimento se a barragem estivesse com problemas. Problemas estes que não foram identificados por uma auditoria feita na barragem quatro meses antes por uma empresa contratada pela própria Samarco.

Além disso, segundo o diretor de fiscalização do DNPM, Walter Arcoverde, as barragens da Samarco estavam enquadradas como estruturas de baixo risco na classificação do próprio Órgão Federal. Mas ele mesmo admite falhas nos parâmetros de classificação e, a última inspeção feita nas barragens de rejeitos foi em 2012.

Proximidade entre pilha de estéril e a barragem de rejeitos

Um laudo elaborado em 2013 pelo Instituto Prístino a pedido do Ministério Público alertou sobre os riscos do rompimento da barragem Fundão em Mariana. (Acesse o relatório completo aqui).

Este documento chama a atenção para a proximidade entre a barragem do Fundão e a pilha de estéril União.

“Notam-se áreas de contato entre a pilha e a barragem. Esta situação é inadequada para o contexto de ambas estruturas, devido à possibilidade de desestabilização do maciço da pilha e da potencialização de processos erosivos”, diz o relatório.

Baseado nesse laudo, o Ministério Público recomendou para a época “a elaboração de estudos e projetos sobre os possíveis impactos do contato entre as estruturas”.  E em seu parecer, o promotor de Justiça Carlos Eduardo Ferreira Pinto sugeriu realizar uma análise em caso de ruptura da barragem, monitoramento periódico e apresentação de plano de contingência em caso de acidentes.

Aumento na produção

A Samarco aumentou sua produção em mais de 15% no último ano, correspondendo a cerca de 25 milhões de toneladas de minério. Consequentemente os volumes de rejeitos lançados nas barragens também aumentaram. Um rompimento poderá ter acontecido caso não tenham sido feitas readequações necessárias nas barragens para receber o aumento no volume de rejeitos.

As causas prováveis são muitas, mas ficamos por enquanto somente na especulação. As responsabilidades pelo incidente recairão sobre a mineradora Samarco, mas faço das palavras do Géologo, professor da Universidade Estadual de Londrina e consultor em Mineração e Meio Ambiente, Cleuber Moraes Brito, as minhas palavras:

“Sucateados e sem infraestrutura, órgãos ambientais brasileiros não cumprem satisfatoriamente seu papel e são corresponsáveis por desastres como o de Mariana.”

E você?  Como profissional da mineração e metais, qual a sua opinião sobre a causa do rompimento das barragens de rejeitos em Mariana? Deixe seu comentário no campo abaixo.

 

https://www.youtube.com/watch?v=Z5FXg7jBv8w

 

Fontes: EBC, Uol, G1, Zero Hora, Tijolaço, Terra e BBC

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14 respostas para “Prováveis causas do rompimento da barragem de rejeitos em Mariana/MG”

  1. Avatar de cleberth
    cleberth

    Tá tudo errado a própria empresa contrata uma outra ,para fazer a fazer a auditoria órgãos públicos que talvez não dispõe de pessoal técnico capacitados para dar laudos e aprovam tudo de qualquer forma ai acontece um acidente de proporções como essas!

  2. Avatar de jucelino
    jucelino

    Relativamente sabemos que o próprio DNPM trabalha com uma demanda bastante alta em todo pais. Com isso as fiscalizações, visitas e vistorias são feitas mais sem frequência o numero de processos são bastantes altos. Contudo acaba sendo um serviço de grande responsabilidade e que não é prestado com eficiência pelo fato do sucateamento dessas instituições.

  3. Avatar de Arlen Amaral
    Arlen Amaral

    Todo processo de gestão de barragens tanto pelas mineradoras e órgãos de fiscalizações tem que passar por uma renovação e ter mais investimento, tecnologia, mão de obra especializada.
    Acredito também que as mineradoras devem rever o seu processo produtivo, investir no processo a seco, uma solução. Processo esse que além de reduzir o impacto ambiental torna o custo de produção mais baixo. A Vale em Carajás – PA (Projeto +40mtpa em operação) e o (Projeto S11D em fase de montagem) são projetos totalmente a seco onde não necessitam de barragens por exemplo.

  4. Avatar de Eustáquio Marques
    Eustáquio Marques

    Na elaboração do projeto da barragem, teria de ter havido um projeto independente da segurança da mesma, pois a barragem por si só não tem a segurança necessária, uma vez que no Brasil não existe a política de limites. Pode-se tudo, principalmente se se tem o poder econômico a seu favor. Tudo é negligenciado. Mas vamos lá, o nível de depósito dos rejeitos era até o seu transbordo? O monitoramento da barragem era para ser feito pela empresa mineradora ? Ou através de auditoria que não tinha responsabilidade jurídica e sim parecer técnico que agradaria a gregos e troianos! O alarme, aliás a falta dele ou melhor,a falta do alarme juntamente com a falta de treinamento sistemático com a população, comandado pela empresa mineradora, foram alicerces deixados de lado que causaram todas as mortes desta catástrofe. E as contingências, onde foram construídas? Volto a insistir no treinamento de evacuação e alarmes procedentes. A falta deles caracteriza agravamento de um crime cometido, portanto, aos responsáveis cabe a aplicação da lei ao seu máximo rigor. Esta é uma avaliação em rápidas palavras, que se aprofundada, com certeza aparecerá muito mais agravamentos também criminosos.

  5. Avatar de Adailson
    Adailson

    esta barragem não rompeu de uma vez, o que eu acho é que se foram notados indicios de ruptura, estes não foram levados em consideração. Qual o papel do tecnico de mineração ao notar falhas em uma barragem com este volume de rejeito?

  6. Avatar de Osmerivaldo
    Osmerivaldo

    Caros,

    Tudo isso sao hipóteses ou especulacoes. Uma estrutura dessas deveria estar com instrumentos do tipo inclinômetros, piezômetros, marcos superficiais, extensômetros, etc. Esses instrumentos indicam movimentos milimétricos, internos e externos na estrutura.

    Outra coisa. Toda barragem com elevada carga hidráulica pode gerar os sismos induzidos, que sao pequenos abalos causados pela combinacao da pressao hidráulica com a lubrificacao das superficies das descontinuidades presentes no macico rochoso, por isso que toda barragem deve ser dimensionada considerando um coeficiente sísmico, mesmo que nao tenha histórico de terremotos na regiao.

    Nota: meu teclado nao é em português.

  7. Avatar de joão carlos
    joão carlos

    se no Brasil as leis fossem cumpridas com mais rigor,pessoas levassem mais a serio , o cuidar do meio ambiente,catastrofes como o da mariana não teriam acontecido

  8. Avatar de Jorge Cunha
    Jorge Cunha

    O colega, referio-se a CARAJAS; não se pode comparar o minério de lá com o da SAMARCO. Ominerio da SAMARCO é preciso passar pelo processo de flotação para eliminar a silica que o enrriquicerá. O de carajás o minério é todo rico não precisando de tratamentos mais complexo.

  9. Avatar de Kurt Ricardo Monken

    Acredito que o acidente do rompimento da barragem de Rejeitos da Mineradora Samarco não teria ocorrido se as condicionantes fossem mais severas e atualizadas de acordo com a evolução técnica industrial já empregada em outros países.
    Por tanto, lamento e me solidarizo com as famílias vitimadas por essa tragédia e com os trabalhadores dessa Empresa, que, agora, convivem com uma incerteza da segurança de seus empregos.
    Acredito que os Órgãos do Poder Público deveriam ser muito mais rigorosos no aperfeiçoamento e acompanhamento de condicionantes operacionais, inclusive se aparelhando para capacitação para elaborar exames específicos para detecção de Metais Pesados, não deixando essa responsabilidade somente a cargo das Empresas, ficando assim com a capacidade de fazer exames de contra prova.
    Acredito Também que o poder Público seja prioritariamente, o maior responsável pelo atendimento urgente às vítimas, simultaneamente apoiado pela ação obrigatória da Empresa nesse evento e, paralelamente devendo tomar as atitudes pertinentes ao caso.
    Temos que ter em mente de que as maiorias dos benefícios sócios ambientais efetivados pelas Empresas, certamente são provenientes de passivos oriundos de multas e malefícios gerados pela sua atividade (vejam o vídeo na internet, Perigo na Lagoa de Mãe-Bá).
    Não podemos, no entanto, deixar de reconhecer os benefícios gerados por suas atividades, tais como, empregos, Renda para os Estados e Municípios etc.
    Porém… Não se pode deixar de apurar as responsabilidades por esse trágico acidente, que, certamente, a culpa não reside somente em um ator.
    Lamento muito o ocorrido, espero que esse infortúnio sirva de lição para o aprimoramento das condicionantes e das exigências de segurança para proteção da população e do meio ambiente.
    Temos que procurar sermos justos, não demagógicos omitindo a realidade agindo com intuito de benefício próprio; A realidade é dura, mas, a meu ver, deve prevalecer.

  10. Avatar de Rafael Holanda
    Rafael Holanda

    Bom dia

    Caros colegas.

    Vi alguns vídeos sobre o acidente da barragem. pelo que ficou claro que a barragem era em leito de um rio pluvial, entre duas montanhas….posso estar enganado. enfim, dá pra perceber que a barragem não tinha: fundação ou segurança nenhuma.. e etc, as paredes eram somente argilas?? parece que sim. os seus responsáveis não se preocuparam com um provável acidente, nem planejaram um plano B. somente visaram: extrair…ganhar…lucrar. Depois que acontece algo desse porte. vai ter: novas leis, supervisão e etc….isso é Brasil. Só fecha a porta depois que o ladrão entra. porque não planejaram antes? muito triste.
    Pra que tanto estudos….especialização? Quando vão planejar não usam?

  11. Avatar de Celso Uribbe Castro
    Celso Uribbe Castro

    Tenho acompanhado o assunto e não encontrei informação sobre uma investigação profunda sobre o assunto – as empresas investem fortunas em “qualidade” e quando acontece um acidente não é feita uma análise de falhas para identificar as causas até por que serve para correções e prevenção de outros acidentes

  12. Avatar de aline f.

    a água suja pode vir para santa catarina 🙁 🙁 🙁 🙁

  13. Avatar de Ricardo Sales
    Ricardo Sales

    Na realidade o antigo DNPM virou um cartório. Só trabalha com papel. Apenas mudou de nome.

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